Coordenada por professora Maria Immacolata Vassallo de Lopes, da ECA, pesquisa reúne pesquisadores de 10 instituições nacionais e foi aprovada pelo edital Pró-Humanidades do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
O projeto A ficção televisiva brasileira como recurso de promoção da cidadania, que tem como proponente a professora titular da ECA, Maria Immacolata Vassallo de Lopes, coordenadora do CETVN (Centro de Estudos da Telenovela), foi contemplado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) dentro da Chamada Pública Pró-Humanidades. Trata-se de um projeto coletivo, desenvolvido junto à Rede Obitel Brasil que, há mais de 15 anos, vem produzindo pesquisas sobre a ficção televisiva brasileira. Em um dos seus principais eixos de investigação, o projeto tomará o remake de Pantanal como estudo de caso sobre as telenovelas enquanto recurso comunicativo, fundamentais na construção do espaço público brasileiro e na promoção da cidadania no país.
A fim de investigar os pormenores desta relação política entre a sociedade brasileira e a ficção televisava, o projeto se divide em dois eixos: no primeiro deles, a proposta é voltar-se para uma metainvestigação sobre todas as pesquisas desenvolvidas pela Rede Obitel até o presente momento, que já resultaram na publicação de 7 livros ao longo desses anos de existência, a fim de cartografar as metodologias, teorias e resultados obtidos em tais trabalhos, e evidenciar seus vínculos interseccionais com a educação, a cultura, as juventudes, a sustentabilidade, entre outros. A partir da realização dessa metainvestigação, o objetivo é desenvolver e tornar pública uma plataforma multimídia da Rede Obitel Brasil.
Já no segundo eixo da pesquisa, a telenovela Pantanal surge como objeto de estudo. O remake da original, exibida pela Rede Manchete em 1990, foi ao ar na Globo em 2022, alcançando notável audiência e mobilizando novos públicos que, não obstante em acompanhar a novela, a repercutiram nas redes sociais. Neste sentido, o projeto vislumbrar tomar Pantanal como um exemplo da tese de que a telenovela, no Brasil, é um recurso comunicativo fundamental na construção do espaço público nacional. À partir desse estudo de caso, bem como das atividades desenvolvidas no primeiro eixo, o projeto prevê a elaboração de seminários e workshops com agentes públicos e privados a fim de debater essa concepção de novela como recurso comunicativo para a promoção da cidadania.
Entre seus principais objetivos, o projeto A ficção televisiva brasileira como recurso de promoção da cidadania pretende sistematizar, a partir do acervo de pesquisas da Rede Obitel, os temas que representam grandes desafios e problemas sociais brasileiros e que estão presente nas tramas da teledramaturgia nacional. Do mesmo modo, o projeto vislumbra identificar na telenovela Pantanal quais são as temáticas cidadãs emergentes na sociedade brasileira e observar a relevância desse tipo de obra para a disseminação, debate e subsídio de políticas públicas relacionadas às questões sociais escolhidas, analisando por quais vias a construção dramatúrgica de determinadas questões influenciam a opinião pública, compreendendo os modos como a recepção interpreta e assiste as telenovelas.
O projeto teve seu início oficial a partir do dia 15 de dezembro de 2022, e terá cerca de 24 meses de duração, tendo a Universidade de São Paulo como sua principal sede de execução, mas contando com a parceria de mais 9 universidades como colaboradoras, entre elas a Universidade Federal da Bahia (UFBA), Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Universidade Federal do Paraná (UFPR), Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Universidade Anhembi Morumbi (UAM), Fundação Oswaldo Cruz (FioCruz), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR) e Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
Ao todo, a Chamada CNPq/MCTI/FNDCT Nº 40/2022 – Programa de Desenvolvimento Científico e Tecnológico em Humanidades contemplou 190 projetos nas seis linhas de pesquisa presentes, que receberão um investimento total de R$ 50 milhões, provenientes do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT).
